Música clássica ou música erudita? Qual é o certo?
Por muito tempo já discuti este tema com muitas pessoas, músicos ou não. Mas vou tentar ser bem sucinto e não encher tanta linguiça.
Como tudo na vida, não existe exatamente o correto. Por outro lado, devo dizer que "música erudita" soa sempre bastante pedante e elitista. "Erudito" quer dizer, essencialmente, algo que contém muito estudo, intelectualizado etc.. Digo, portanto, que sou absolutamente contra este termo. Mas é claro, não vou e nem posso proibir ninguém de usá-lo. Mas acho que nem preciso dizer que a música popular não tem nada de "menos estudada", né?
Este termo é, então, muitas vezes substituído por "música clássica". O que os defensores de "música erudita" afirmam é que chamar de "clássica" poderia facilmente confundir quem escuta e o fazer pensar no período clássico.
Seria um argumento legal, mas existem muitíssimas palavras na nossa língua que tranquilamente permitem outras interpretações. E falando em idiomas, dos que conheço, nenhum deles chama a música de "erudita", todos eles a tratam como "clássica". Mas voltando ao nosso idioma, se eu digo que vou ler um romance, digo necessariamente que vou ler uma narrativa em prosa, com enredo e personagens e não uma história exclusivamente romântica, de amor. Da mesma forma posso dizer que vou escutar uma "música romântica" e não estar falando de Wagner, mas sim de uma balada do Elton John. Posso, não posso? Então.
É muito fácil querer problematizar. Se você quiser se referir ao período clássico, você pode dizer período clássico, classicismo, citar compositores da época, palavras e maneiras não faltam! A mesma coisa vale pro romantismo e pra tantas outras coisas. É mais simples do que parece.
Do outro lado deste termo, existe a "música popular" que, de forma bem generalizada, significa a música associada a alguma cultura. Não acho um problema que separemos "clássica" de "popular", até porque a música clássica era a música popular daquele tempo, seja qual for. Isso foi se modificar com força somente em idos do século XIX. Mas até então a música tinha vários propósitos, existia a música composta para serviços religiosos, aquela que servia para festas, para o teatro, para danças, enfim. E se você parar pra pensar, é assim até hoje. Ou você acredita de verdade que no barroco os compositores escreviam sarabandas, gigas, minuetos para serem vistos como "óóó, que coisa finíssima, da mais alta qualidade"? Nada, eram músicas pra galera dançar.
Por conta disso, "música popular" acaba sendo um termo muito abrangente. O jazz é música popular americana (que mais tarde foi elitizado, assunto pra outro post.), o samba é música popular brasileira, a MPB é música popular brasileira... Hehe. E países do mundo todo, culturas do mundo todo possuem a música que é popular dali. E isso não quer dizer que estamos falando do pop americano. Viu? Mais uma palavra que literalmente pode ter outro significado.
O que quero dizer com tudo isso, é que a música popular não é somente uma coisa e que a música clássica só é "clássica" pelo mesmo motivo que chamamos algum livro de "clássico da literatura". Tem quem diga que isso é relacionado a o que é antigo, tem quem diga que é dada a relevância histórica. Eu não sou especialista pra dizer o que define um clássico, mas acredito que o tempo passado certamente pode ser um fator bacana.
Portanto não seja tonto. Essa é conclusão. A sua música não é melhor ou mais importante que a que outro escuta, então não tem porque segregarmos tudo e darmos vários nomes ao que pode ser tão simples. Seja erudito o suficiente pra promover música para todos e cada um vai se identificar com o que o fizer bem.
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